A Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) divulgou na tarde de terça-feira (5) que cientistas que integram a universidade, juntamente com os profissionais da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila) estão realizando um dos maiores ensaio clínicos do mundo para avaliar como o uso de substâncias extraídas da Cannabis sativa, a planta da maconha, podem colaborar para o tratamento das doenças de Parkinson e Alzheimer. No total, 140 pacientes participarão dos dois estudos – 70 com cada doença.
Os testes devem durar cerca de três anos e envolvem pesquisadores de três instituições e avaliações em Florianópolis (SC), Rio do Sul (SC) e Foz do Iguaçu (PR).
Segundo informações da UFSC, o prazo de duração do estudo e o número de participantes é o que traz pioneirismo.
“Normalmente os estudos clínicos são feitos com um número pequeno de pacientes. Os realizados até agora com canabinoides e Parkinson e Alzheimer estão na faixa de 15 a 20 pacientes”, comenta o professor Rui Prediger, coordenador do estudo no âmbito da UFSC.
Entenda o porcesso
Os pacientes com Parkinson receberam seus primeiros kits com canabinoides e passaram pelas primeiras avaliações em Florianópolis e Rio do Sul, em janeiro, já os estudos com Alzheimer estão previstos para começar em março e ocorrerão em Foz do Iguaçu.
As duas pesquisas contarão com metodologias semelhantes. Durante os primeiros seis meses, metade dos pacientes com cada doença receberá um composto que combina duas substâncias extraídas da planta da maconha: o canabidiol (CBD) e o tetrahidrocanabinol (THC).
A outra metade receberá um placebo – uma substância sem qualquer efeito terapêutico. Nem pacientes, nem cientistas sabem quem está recebendo o quê.
Os pacientes passam por avaliações periódicas. São analisados diversos parâmetros, incluindo os tremores e questões relacionadas à movimentação, nos pacientes de Parkinson, e à memória, nos de Alzheimer.
São observados, ainda, sintomas de ansiedade, depressão e qualidade do sono, entre outros. Os pacientes também são atendidos por neurologista nesses encontros e realizam exames de sangue para avaliação de indicadores de progressão das doenças.
Vale ressaltar que todos os pacientes continuam sendo acompanhados por seus médicos e utilizando as medicações receitadas.
Somente depois de seis meses, será revelado em que grupo estava cada paciente, e os cientistas começarão de fato a analisar os dados. Inicia-se, então, uma nova fase do estudo, em que todos os pacientes, incluindo os que estavam no grupo placebo, poderão ter acesso ao tratamento com os canabinoides, se assim desejarem. Todos seguirão sendo monitorados, com testes e exames a cada seis meses, até o final do estudo.