Governo Lula anula leilão de arroz e desliga o Secretário de Política Agrícola, Neri Geller, pois seu filho tinha ligação com uma das empresas vencedoras do pregão bilionário
O governo Lula está novamente envolvido em uma polêmica que abala as estruturas do setor agrícola nacional. Nesta terça-feira (11), o presidente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Edegar Pretto, anunciou a anulação de um leilão bilionário para a compra de arroz importado. O motivo? Suspeitas de graves irregularidades envolvendo a participação de empresas sem histórico no mercado de cereais e ligações suspeitas com familiares de altos funcionários do governo.
O leilão, realizado na última quinta-feira (6), tinha como objetivo a aquisição de 263 mil toneladas de arroz para estabilizar os preços no mercado interno após as enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul, estado responsável por 70% da produção nacional do grão. No entanto, surgiram questionamentos sobre a capacidade técnica e financeira das empresas vencedoras, algumas das quais nunca haviam atuado no setor de cereais.
Em meio às suspeitas, Neri Geller, até então Secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, foi desligado do cargo. A decisão veio à tona após a revelação de que seu filho tinha ligações com uma das empresas vencedoras do leilão. Geller, que já foi ministro da Agricultura no governo Dilma, é uma figura conhecida no agronegócio e havia apoiado Lula nas eleições de 2022.
Segundo Edegar Pretto, a anulação do leilão foi uma medida necessária para garantir a transparência e a lisura do processo. “Pretendemos fazer um novo leilão, possivelmente em outros modelos, para garantir que contratemos empresas com capacidade técnica e financeira”, declarou Pretto no Palácio do Planalto.
A decisão de importar arroz veio poucos dias após as enchentes no Rio Grande do Sul, que devastaram a região responsável pela maior parte da produção nacional do grão. Apesar disso, 80% da safra já havia sido colhida antes das inundações. A medida de importar arroz visa evitar a alta nos preços devido às dificuldades logísticas causadas pelos danos nas infraestruturas de transporte.
O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, destacou que a decisão de importar arroz foi tomada para garantir o abastecimento e evitar a alta de preços. Ele também afirmou que a Controladoria-Geral da União (CGU) e a Advocacia-Geral da União (AGU) irão auxiliar na organização de um novo edital para a compra do grão.
Ainda não há uma data definida para o novo leilão, mas a expectativa é de que ele seja realizado com critérios mais rígidos para evitar novas irregularidades. A situação coloca em evidência as fragilidades e os desafios enfrentados pelo governo Lula na gestão dos recursos e das políticas agrícolas em um momento crítico para o país.
A anulação do leilão e o desligamento de Neri Geller são mais um capítulo turbulento na administração federal, evidenciando a necessidade de maior vigilância e transparência nos processos licitatórios, especialmente em setores tão sensíveis quanto o abastecimento alimentar.
Fonte: Jornal Razão