Executivos da Americanas criaram dois balanços financeiros: o real, chamado de ‘A vida como ela é’, e o fictício, onde aumentavam lucros da empresa
A investigação da Polícia Federal apontou que as contas da empresa foram severamente inflacionadas sob a gestão do ex-executivo. E ele teria feito isso por mais de uma década.
Por ser uma empresa de capital aberto, a Americanas era obrigada a tornar públicos os balanços financeiros periodicamente. No início do ano passado, ela anunciou que a dívida com os credores estava próxima de atingir R$ 43 bilhões. E o principal motivo era esse tipo de operação, inventada pela diretoria de Gutierrez, que provocaram um rombo de R$ 25 bilhões nas contas da empresa. Com essas operações, os executivos tiveram ganhos milionários.
As fraudes chamaram a atenção da Polícia Federal, que começou a investigação com apoio do Ministério Público Federal.
Na mira, estavam:
– Miguel Gutierrez, ex-CEO;
– Anna Christina Ramos Saicali, considerada braço-direito de Miguel;
– José Timotheo de Barros;
– Marcio Cruz.
Abaixo destes estavam mais 11 diretores, dentre eles, Flavia Carneiro – então responsável pela Controladoria da empresa – e Marcelo da Silva Nunes – antigo diretor financeiro. Os dois fizeram delação premiada no fim do ano passado. E explicaram como a antiga diretoria agia para esconder os números reais e inflar os resultados a serem divulgados ao mercado. Conversas, planilhas e parte da contabilidade foram utilizadas como provas.
A antiga administração queria manter as operações em sigilo até das auditorias. Assim, eles se reuniam secretamente quando os assuntos eram considerados mais sensíveis, em uma sala afastada, longe dos funcionários, que ganhou o apelido de “blindada” – ela ficava no segundo andar da sede da empresa, no Rio de Janeiro. Lá, segundo a PF, várias reuniões foram convocadas para que eles tratassem pessoalmente sobre a estratégia das fraudes.
Os três maiores acionistas e controladores da Americanas – Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira – não são alvo da investigação. Depois da descoberta das fraudes, eles investiram R$ 5 bilhões na recuperação judicial da empresa, e prometem investir outros R$ 7 milhões.
Nesta semana, a Polícia Federal cumpriu 15 mandados de busca e apreensão na casa de ex-diretores. A Justiça ainda determinou a prisão dos principais nomes da antiga diretoria, Miguel Gutierrez e Anna Saicali.
fonte: G1