Pugilista assinou um termo, há seis anos, que queria contribuir com estudos sobre doença causada pelo pugilismo
O cérebro de Adilson Maguila, ex-pugilista falecido na quinta-feira (24), será doado à USP (Universidade de São Paulo). Essa decisão foi expressa pelo próprio boxeador em uma entrevista à televisão, onde manifestou o desejo de contribuir para o avanço da ciência na área da saúde.
Em 2013, Maguila foi diagnosticado com demência pugilística e sofria de encefalopatia traumática crônica (ETC), uma condição similar à Doença de Alzheimer, que causa a degeneração progressiva das células cerebrais. Essa doença é comum entre atletas de boxe, devido aos repetidos impactos na cabeça.
Durante sua participação no programa Globo Esporte, o ex-lutador mencionou que gostaria de doar seu cérebro para pesquisas relacionadas à sua condição, afirmando que não tinha pressa, pois esperava viver até os 100 anos. A USP possui um grupo de pesquisa dedicado a estudar os efeitos dos impactos na cabeça, especialmente em atletas de esportes como futebol, boxe e rúgbi. Maguila chegou a assinar um termo formalizando sua intenção de doação.
Encefalopatia Traumática Crônica (ETC)
A ETC, também conhecida como “demência do pugilista”, resulta da degeneração das células cerebrais devido a lesões repetidas na cabeça. Os sintomas são semelhantes aos da Doença de Alzheimer e incluem tontura, dores de cabeça crônicas, perda de memória, problemas motores e alterações cognitivas, além de mudanças de comportamento, como ansiedade e impulsividade.
Contribuição científica do cérebro de Maguila
A doação do cérebro de Maguila poderá ajudar na identificação precoce e no tratamento da ETC, além de contribuir para a compreensão das alterações causadas por práticas esportivas. Outros ex-atletas também fizeram doações semelhantes após suas mortes. O zagueiro Bellini (1930-2014), capitão do primeiro mundial da seleção brasileira, e Éder Jofre (1936-2022), considerado o maior boxeador peso-galo de todos os tempos, também doaram seus cérebros para a USP, onde análises posteriores revelaram diagnósticos de ETC.