Houve 28 notificações elegíveis para doação, com 11 famílias aceitando a realização do procedimento
O Relatório da Central Estadual de Transplantes de Santa Catarina apresenta os dados de transplantes no último ano, mostrando que no Hospital Regional Alto Vale, em Rio do Sul, houve 28 notificações elegíveis para doação, com 11 famílias aceitando a realização do procedimento, mantendo a região na média estadual de doação de órgãos. Nos últimos 15 anos, Santa Catarina liderou ou esteve na segunda colocação nacional em doação de órgãos.
Conforme o diretor técnico do Hospital Regional de Rio do Sul, Marcelo Gambetta, que é coordenador hospital de transplantes da unidade, os números são significativos. Ele explicou que, dos 28 casos elegíveis para a doação, 23 famílias foram entrevistadas. “Isso acontece, porque há uma contra indicação para doação de órgãos. É feito o diagnóstico, mas eventualmente o coração do paciente parou antes da entrevista. Dessas 23 entrevistas, 11 famílias aceitaram e 8 recusaram; e esses outros quatro casos, após o aceite da doação pode ser que evoluíram com alguma instabilidade, infecção não controlada ou se descobriu algum problema, que contra indicasse a doação, ou a família aceitou a doação, mas não tinha doadores compatíveis, casos que acontecem normalmente com pessoas mais idosas”, detalhou.
O médico explicou ainda, que os números de doadores podem crescer ainda mais, porém as pessoas precisam se sensibilizar sobre a importância da doação de órgãos. “As pessoas precisam comentar, abordar o tema. Eventualmente se estiverem dúvidas, procure o departamento de transplante do Hospital Regional, para que a gente possa sanar dúvidas, porque uma situação que muitas vezes dificulta o processo de doação, é o desconhecimento da família em relação à vontade do seu ente. Normalmente as causas de morte encefálica e AVC são doenças que não são previstas e, por isso, é importante abordar isso para a família”, comentou.
O especialista destacou que o aumento na média estadual se dá, cada vez mais, pelo treinamento das equipes e dos profissionais envolvidos com o transplante. “Nosso estado é referência nacional e nos reunimos em encontros através da Central Estadual de Transplante para discutir estratégias, ferramentas e comunicação, abordando a manutenção do potencial doador até a família tomar a sua decisão. Independente disso, os números de Santa Catarina estão sempre entre os melhores do país. Nos últimos 15 anos, nós estivemos em primeiro ou segundo lugar em todos os anos, intercalando com o Paraná, que veio aprender aqui no Estado, a metodologia de trabalho adotada”, falou.
Contando com uma equipe de seis profissionais atuando no Departamento de Transplante do Hospital, Gambetta explicou, que dois médicos e quatro enfermeiros fazem parte da equipe. “Temos o doutor Nilson, além dos enfermeiros, Tiago, Lucrécia, Valéria e Fernanda. Um sétimo membro que não é oficial, mas tem sido muito importante nos protocolos de morte encefálica, que é o Drº Will, tem nos auxiliado”, apontou.
Procedimento no HRAV
Gambetta detalhou que, em Rio do Sul, não é feito cirurgia de transplante, apenas as entrevistas e retiradas dos órgãos, chamadas de “explante”, explicando que a destinação de cada órgão é feita pela Central Estadual de Transplantes de forma harmônica com o Sistema Nacional de Transplante.
“O pessoal da equipe transplantadora onde o implante vai ser realizado vem até Rio do Sul por meio aéreo e terrestre. Boa parte dos órgãos retirados aqui vai para o Hospital Santa Isabel, em Blumenau, que é um grande transplantador no Estado, e cada um desses transplantes tem uma logística, uma estratégia, porque alguns deles precisam ser realizados muito rapidamente, como é o caso de coração, fígado e pulmão, onde desde a retirada do órgão até o implante é uma corrida contra o tempo para que se faça isso no menor tempo possível, sempre que possível de 4 a 6 horas”, falou.
Gambetta relatou que cada órgão tem uma fila específica baseada em critérios, como nos casos de coração e fígado que precisam ter tipagem sanguínea igual entre doador e receptor. “O tamanho dos doadores também precisa ser idêntico nesses casos. Em outras ocorrências como o transplante de rim, precisa haver uma afinidade genética, então é feito uma testagem para ver se o rim é compatível com o receptor. Nós não sabemos qual paciente que vai receber os órgãos, nós sabemos para quais hospitais eles vão, mas existe uma estratégia em que deve se manter o sigilo em relação ao doador e receptor”, finalizou.