A pneumocócica, doença considerada perigosa para crianças menores de 5 anos, deve ganhar uma nova forma de prevenção, a vacina denominada Prevenar 20. O imunizante foi aprovado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), e já foi publicado no Diário Oficial da União.
A Prevenar 20, foi produzida pela farmacêutica Pfizer e protege contra a doença pneumocócica, que provoca casos graves de pneumonia e meningite, por exemplo.
A comercialização da vacina estará disponível após a conclusão do processo de determinação de preço, o qual é conduzido em colaboração com a CMED (Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos). Após a Pfizer submeter o pedido, a câmara terá um prazo de 90 dias para estabelecer o preço aprovado.
Segundo a farmacêutica, a vacina protege contra 20 sorotipos do pneumococo (1, 3, 4, 5, 6A, 6B, 7F, 8, 9V, 10A, 11A, 12F, 14, 15B, 18C, 19A, 19F, 22F, 23F e 33F). Sete deles —8, 10A, 11A, 12F, 15B, 22F e 33F— foram adicionados na formulação da Prevenar 20; os outros já compunham a vacina 13–valente.
“A aprovação da Prevenar 20 representa a continuidade dos esforços da Pfizer para a prevenção de doenças graves, ligadas a hospitalizações e mortes. Há 23 anos, lançamos a primeira vacina pneumocócica conjugada, a Prevenar 7, e depois tivemos a honra de trazer ao Brasil sua sucessora, a Prevenar-13, que aumentou a proteção contra tipos perigosos de pneumococo. Agora, com a Prevenar-20, oferecendo a vacina conjugada com a mais ampla cobertura do País, podemos ir ainda mais longe, colocando nossa ciência a favor da saúde respiratória dos brasileiros”, diz a diretora médica da Pfizer Brasil, Adriana Ribeiro.
A nova vacina vai ajudar crianças com até 5 anos de idade, idosos com 60 anos ou mais, e pessoas de qualquer idade com problemas de saúde, na prevenção contra a doença pneumocócica. A vacina foca nos tipos mais comuns da doença nessas faixas etárias e em quem está mais propenso a complicações.
E em Santa Catarina?
De acordo com a Secretaria de Estado da Saúde de Santa Catarina (SES/SC), o imunizante só chegará no SUS (Sistema Único de Saúde) para ficar disponível para toda a população, se entrar no PNI (Plano Nacional de Imunização).
Na Grande Florianópolis, só para se ter uma ideia, a ocupação dos leitos de UTI está em 94,50%. Destes, há apenas dois leitos disponíveis para crianças.
Já segundo a SES, somente neste ano já foram abertos 150 leitos de UTI. Dentre eles, 41 pediátricos, 53 neonatais e 52 adultos e o objetivo é chegar aos 170, garantindo o atendimento pleno aos pacientes graves. Os leitos estão distribuídos nas diversas regiões do Estado.
A pasta também reforça que o sistema hospitalar público de Santa Catarina funciona em forma de rede. Quando não há vaga em um hospital, busca-se leito, via Regulação, em outros hospitais, primeiro na região e depois fora dela. Quando o paciente já está internado e precisa ser transferido para UTI de outro hospital é necessário o aceite dos familiares.
Doença perigosa para as crianças
Segundo informações, a pneumonia e a SRAG (Síndrome Respiratória Aguda Grave) continuam sendo alguns motivos que fazem as crianças ficarem internadas, e até morrerem.
Já o DataSus, que reúne dados de todo o Ministério da Saúde, aponta cerca de 4 milhões de casos de pneumonia infantil registrados a cada ano.
O Ministério da Saúde explica que a doença pneumocócica pode ser perigosa para crianças, especialmente para aquelas com menos de 5 anos. Isso porque o “Streptococcus pneumoniae”, ou pneumococo, é uma bactéria que pode causar diversas infecções, desde doenças menos graves, como otite média e sinusite, até doenças mais sérias, como pneumonia e meningite.
As crianças, especialmente as mais jovens, têm um sistema imunológico em desenvolvimento, o que as torna mais vulneráveis a infecções. Além disso, certos sorotipos de pneumococo são conhecidos por causar complicações significativas em crianças.
Com a vacina, a ocupação dos leitos diminui?
Segundo a médica Myrna Campagnoli, Diretora Médica de Análises Clínicas, a nova vacina pode reduzir a ocupação dos leitos de UTI e o tempo de internação das pessoas que tomarem o imunizante.
“No entanto, as síndromes respiratórias não são causadas exclusivamente pelo pneumococo, mas também por vírus. Vale ressaltar também que infecções de pneumococo acabam sendo muitas vezes uma ‘oportunista’, ou seja, que acaba se sobrepondo a infecções virais. Desta forma, precisamos reforçar a importância da vacinação contra o pneumococo, mas sem dúvida nenhuma a vacinação contra a gripe e contra a Covid, por exemplo, acabam exercendo um papel extremamente importante na redução da ocupação dos leitos de UTI”, reforça.
O que é doença pneumocócica?
Segundo o Ministério da Saúde, a doença pneumocócica refere-se a infecções causadas pela bactéria Streptococcus pneumoniae, também conhecida como pneumococo. Essas infecções podem afetar diferentes partes do corpo, resultando em uma variedade de condições, desde infecções leves até doenças mais graves. Existem dois tipos principais de doenças pneumocócicas:
Doenças não invasivas:
Incluem infecções mais leves, como sinusite, otite média (infecção do ouvido médio) e bronquite. Embora essas condições geralmente não representem riscos sérios à saúde, podem causar desconforto e exigir tratamento.
Doenças invasivas:
São infecções mais graves que ocorrem quando o pneumococo invade partes estéreis do corpo, como o sangue (bacteremia) ou o tecido que reveste o cérebro e a medula espinhal (meningite). A pneumonia também é considerada uma forma invasiva quando a bactéria atinge os pulmões de maneira mais profunda.
As infecções pneumocócicas podem afetar pessoas de todas as idades, mas crianças menores de 2 anos, adultos com mais de 65 anos e indivíduos com sistema imunológico comprometido são mais suscetíveis a complicações graves.
Foto/crédito: Marcelo Camargo/Agência Brasil