A Polícia Federal (PF) intimou 14 pessoas para prestarem depoimento nesta quinta-feira (22) no âmbito da investigação sobre uma possível tentativa de golpe de Estado. Entre os convocados estão o ex-presidente Jair Bolsonaro e quatro ex-ministros de seu governo, além do presidente do PL, Valdemar Costa Neto.
Os depoimentos estão agendados para ocorrer simultaneamente, a partir das 14h30min, sendo 11 em Brasília e três no Rio de Janeiro, segundo o jornal O Globo. Todos os convocados são investigados na Operação Tempus Veritatis, deflagrada há duas semanas por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Confira a lista de intimados:
Em Brasília
1. Jair Bolsonaro
Segundo a PF, há evidências de que o ex-presidente revisou uma minuta de decreto que poderia ser usada para apoiar o golpe em andamento. Ele informou que deve permanecer em silêncio durante o depoimento. O ministro Alexandre de Moraes negou o pedido de Bolsonaro para não comparecer. A defesa do ex-presidente contestou qualquer envolvimento na elaboração de um decreto ilegal contra o Estado Democrático de Direito.
2. Walter Braga Netto
Como ex-ministro da Defesa e da Casa Civil, Braga Netto é acusado de incitar críticas contra membros das Forças Armadas que não apoiaram o golpe. Ele teria ordenado ataques a comandantes do Exército e da Aeronáutica. Braga Netto negou as acusações, chamando-as de invenção.
3. Augusto Heleno
Em uma reunião ministerial, Heleno mencionou a possibilidade de “virar a mesa” antes das eleições e discutiu ações contra certas instituições e pessoas. Ele também comentou um plano para infiltrar agentes da Abin em campanhas eleitorais. O ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) ainda não comentou as investigações.
4. Anderson Torres
Uma minuta de decreto relacionada à intervenção no TSE foi encontrada na casa do ex-ministro da Justiça e Segurança Pública. Torres afirmou que o documento era falso e seria descartado.
5. Paulo Sérgio Nogueira
A PF alega que Nogueira manipulou um relatório do Ministério da Defesa sobre o sistema eleitoral para adiar sua divulgação após não encontrar falhas nas urnas eletrônicas. Sua defesa nega qualquer irregularidade.
6. Almir Garnier
Durante uma reunião com Bolsonaro, Garnier teria apoiado o plano de golpe. O ex-comandante da Marinha fazia parte de um grupo de oficiais que usava sua posição militar para influenciar outros a apoiar o golpe. Garnier pediu orações e afirmou estar agindo corretamente.
7. Valdemar Costa Neto
O presidente do PL foi preso por posse ilegal de arma e usurpação de bens da União. Ele também é investigado pelo suposto uso da estrutura do partido para atacar as urnas eletrônicas.
8. Marcelo Costa Câmara
Suspeita-se que o ex-assessor de Bolsonaro tenha monitorado ilegalmente o ministro Alexandre de Moraes. Câmara compartilhou informações sobre os voos de Moraes com o tenente-coronel Mauro Cid. Sua defesa afirma que ele sempre agiu dentro da lei.
9. Tércio Arnaud
Ex-assessor de Bolsonaro é acusado de participar do grupo “gabinete do ódio” e disse que ficará em silêncio durante o depoimento, pois, de acordo com a defesa, teve acesso incompleto aos autos.
10. Mário Fernandes
Em uma reunião ministerial, o ex-secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência defendeu a ideia de uma ação antes da eleição, para evitar “fraude”. Ele ainda não comentou as acusações.
11. Cleverson Ney Magalhães
O coronel da reserva teria participado de uma reunião para recrutar membros das Forças Especiais para o golpe. Ele ainda não se pronunciou sobre as investigações.
No Rio de Janeiro
12. Ailton Barros
Preso no caso que investiga falsificação de comprovantes de vacinação de Bolsonaro, o ex-major do Exército teria supostamente pressionado militares que não apoiaram o golpe. Ele não fez comentários sobre as acusações.
13. Rafael Martins
O major do Exército teria coordenado financeiramente atos antidemocráticos após as eleições, de acordo com as investigações. Ele não comentou o caso.
14. Sergio Cavaliere
Cavaliere, tenente-coronel do Exército, teria participado da disseminação de desinformação sobre as eleições. Ele também não se manifestou sobre a investigação.
Foto/crédito: Ton Molina/Fotoarena/Estadão Conteúdo