O Ministério das Relações Exteriores confirmou que, a partir desta segunda-feira (5), o Brasil é oficialmente responsável pelas embaixadas da Argentina e do Peru em Caracas, na Venezuela.
A decisão foi tomada em um acordo entre os países após o governo de Nicolás Maduro expulsar as equipes diplomáticas de pelo menos sete nações, incluindo Argentina e Peru, que não reconheceram a legitimidade do resultado eleitoral na Venezuela e levantaram suspeitas de fraude no processo.
Em nota, o Itamaraty informou: “O governo da República Bolivariana da Venezuela e o governo da República Federativa do Brasil informam que chegaram a acordo para que a custódia dos locais das missões diplomáticas da República Argentina e da República do Peru, incluindo seus bens e arquivos, bem como a representação de seus interesses e de seus nacionais em território venezuelano, sejam representadas, a partir de 5 de agosto de 2024, pela Embaixada da República Federativa do Brasil em Caracas”.
O acordo já havia sido antecipado pelo presidente argentino, Javier Milei, que expressou seu agradecimento ao Brasil pelo suporte.
Resultado Contestável
O departamento de observação eleitoral da Organização dos Estados Americanos (OEA) declarou que não pode reconhecer o resultado das eleições venezuelanas realizadas no último dia 28. A OEA alegou que o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) venezuelano demonstrou parcialidade em favor do governo atual. Além de Peru e Argentina, países como Panamá, Uruguai e Chile, bem como a União Europeia, também não reconheceram o resultado divulgado.
De acordo com o CNE, Nicolás Maduro foi reeleito com 52% dos votos, mas a oposição e alguns observadores internacionais, como a Associated Press, contestam o resultado. A oposição afirma que seu candidato, Edmundo González, obteve mais do que o dobro dos votos de Maduro, com base em uma contagem de 56% das atas eleitorais realizada pela AP.
Posição do Brasil sobre a Venezuela
O governo brasileiro parabenizou a Venezuela pelo “caráter pacífico” das eleições, mas afirmou que, antes de reconhecer a vitória de Maduro, vai aguardar a divulgação das atas eleitorais — um passo considerado “indispensável para a transparência, credibilidade e legitimidade do resultado do pleito.”
foto: Reuters