O cenário apresentado pelo estudo sobre a proposta de otimização da concessão da BR-101/SC Norte, conduzido pela Autopista Litoral Sul – Arteris, é alarmante. A análise, realizada pela Federação das Empresas de Carga e Logística no Estado de Santa Catarina (Fetrancesc) e apresentada na terça-feira (10) durante o lançamento do Observatório Fetrancesc, expõe perspectivas preocupantes para a mobilidade no trecho.
Em resumo, a proposta da Autopista Litoral Sul, não resolve os problemas existentes. As obras sugeridas são insuficientes, e, segundo o estudo, os motoristas enfrentarão filas maiores e mais tempo de viagem. Atualmente, o contrato de concessão da rodovia é válido até 2033, mas o Ministério dos Transportes propõe estendê-lo até 2048. A contrapartida seria a realização de obras durante o período, o que implicaria aumento no pedágio — algo esperado.
O problema é que, mesmo com as intervenções, os gargalos do trecho Norte permaneceriam críticos. De acordo com o estudo, o tempo médio de viagem entre São José (SC) e Guaratuba (PR), um percurso de 205 km, hoje é de 3h13min. Em 2047, com as obras previstas, a mesma viagem poderá levar 12h53min, devido ao crescimento populacional, aumento da frota e expansão econômica.
Viagens de até 24h em Santa Catarina
Sem intervenções, esse tempo subiria para inacreditáveis 23h25min. A velocidade média, atualmente em 60 km/h, cairia para 40 km/h, com trechos críticos registrando apenas 12 km/h. O estudo alerta que, sem estruturas viárias robustas, a operação da rodovia poderá se tornar inviável até o final da concessão.
Além disso, o levantamento aponta que:
- As condições da rodovia podem permanecer iguais ou até piores;
- Pontos críticos irão aumentar em extensão e quantidade;
- Motoristas passarão cerca de 80% do tempo em filas.
A insuficiência das obras previstas acarretará impactos severos, como:
- Perda de investimentos e limitação do crescimento econômico;
- Aumento nos acidentes e queda na qualidade de vida;
- Perda de mão de obra qualificada;
- Melhoras temporárias na economia local, mas sem sustentabilidade.
Para o setor de transporte e logística, a pressão será significativa:
- Elevação dos custos operacionais;
- Falta de previsibilidade nos tempos de viagem;
- Melhoras temporárias nas taxas de acidentes, mas sem manutenção a longo prazo;
- Risco de um “apagão logístico”.
O estudo foi realizado ao longo de 15 dias, com 225 horas de observação em períodos críticos (manhã, tarde e noite), utilizando aplicativos especializados. Apesar de ter sido concluído antes da inclusão da obra do túnel do Morro dos Cavalos, em Palhoça, a Fetrancesc afirma que a análise do trecho de São José ao Norte não seria significativamente alterada.
A urgência de tirar do papel a Via Mar, estrada paralela à BR-101 que complementaria o Contorno Viário da Grande Florianópolis até Joinville, é evidente. Santa Catarina necessita de um plano integrado, com ações emergenciais e visão de médio e longo prazos, envolvendo entidades, Fórum Parlamentar e governos.
Ao longo dos últimos 20 anos, Santa Catarina atraiu empresas com políticas fiscais agressivas, o que impulsionou o setor portuário e os corredores logísticos, gerando empregos e tributos. Contudo, com a reforma tributária e o fim das vantagens fiscais, o estado precisa agir para evitar um colapso logístico e econômico.
Fonte: NSC Total