Conheça a história de Daniele Zanella, de Rio do Sul, que sempre se dedicou a ajudar o próximo, mas precisou desacelerar para cuidar da própria saúde
Por anos, a rio-sulense, Daniele Zanella foi a voz de quem não podia falar. Seu trabalho incansável ao lado de mulheres vítimas de violência doméstica transformou vidas, resgatou dignidades e reacendeu esperanças. Ela esteve presente nos momentos mais sombrios de tantas mulheres, segurando mãos trêmulas, enxugando lágrimas e oferecendo a força que muitas já não acreditavam ter.
Mas, de repente, foi Dani, quem precisou de amparo. O diagnóstico de um câncer trouxe uma nova batalha—desta vez, dentro de si. Acostumada a lutar pelo outro, ela teve que aprender a se dedicar a si mesma. A pausa não foi escolha, mas tornou-se uma necessidade. Em novembro, do ano passado, ao fazer os exames regularmente, inclusive a mamografia, que Dani descobriu um nódulo. Os exames iniciais indicaram que era benigno, mas a dor persistente a levou a buscar um especialista. Foi então que veio a confirmação: câncer de mama do tipo triplo-negativo, um dos mais agressivos. De repente, a mulher que dedicou a vida ao próximo precisou olhar para si mesma. Lutar pela própria saúde tornou-se sua prioridade.
“Eu tive que deixar meu trabalho, minha rotina, reunião e eventos para me dedicar à minha saúde. Não foi e não está sendo fácil, porque o trabalho com as mulher exige uma missão de vida. Ver acontecer a transformação, a vida dos seus filhos é surpreende e que oferece um apoio e resultado que não tem preço”, explicou.
O tratamento contra o câncer tem sido desafiador. “É doloroso e, em muitos dias, debilitante, mas eu sigo firme, movida pela fé, pela esperança e pelo amor que recebo das pessoas. Cada mensagem de carinho, cada abraço nas ruas, cada palavra de incentivo me dá forças para seguir lutando. É emocionante e eu me sinto mais forte”, destacou Dani.
“Você Pode Tudo, Menos Desistir”
Entre consultas, tratamentos e momentos de reflexão, Dani encontrou um novo propósito: escrever um livro. “Estou trabalhando em um livro que contará a história de 30 mulheres que passaram pelo serviço de acolhimento e superaram a violência. Ao entrar em contato com elas para pedir autorização, eu pude ouvir relatos emocionantes, revivendo o impacto desse trabalho que ajudou a transformar vidas. O título já está definido: “Você Pode Tudo, Menos Desistir”. Esse livro ainda está em construção, mas assim que finalizá-lo eu vou ter a honra de entregar para um que acredita na justiça, pois é possível recomeçar”, completou.
Neste mês das mulheres, a história de Dani Zanella nos lembra que ser forte não significa nunca cair, mas sim encontrar coragem para se reerguer. Que todas as mulheres possam se permitir cuidar de si, tanto quanto cuidam dos outros. Porque cada uma carrega dentro de si uma força capaz de superar qualquer tempestade.

Quem é Dani Zanella
Dani sempre esteve à frente da defesa dos direitos das mulheres. Como assistente social há 25 anos, trabalhou com inclusão de pessoas com deficiência, atuou na educação e coordenou redes de proteção para mulheres vítimas de violência. Quando assumiu a missão de estruturar o atendimento na Obra Kolping de Santa Catarina e coordenar a rede de apoio da cidade, percebeu a chance de fazer a diferença. E fez. Como vereadora, aprovou leis fundamentais, garantindo acesso a benefícios como o aluguel social e cursos profissionalizantes para que essas mulheres pudessem recomeçar.
Mas, segundo Dani, o trabalho nunca foi fácil. “Enfrentei ameaças de agressores, dificuldades financeiras e a falta de incentivo do governo. Mesmo assim, com o apoio de entidades e da comunidade, consegui construir e mobiliar uma nova casa de acolhimento, oferecendo um espaço seguro e digno para vítimas de violência. Mostrar a essas mulheres que a vida pode ser melhor sempre foi o meu propósito”, concluiu Dani Zanella.
