Ela foi surpreendida pelo ex-companheiro no local de trabalho; foram 15 facadas contra ela
A história de Deisi Felczak Pereira é um grito de coragem. No dia 12 de novembro do ano passado, ela sobreviveu a uma tentativa de feminicídio cometida pelo ex-companheiro com quem compartilhou 14 anos de vida. O ataque brutal aconteceu por volta das 15h30, na unidade de saúde de Rio do Campo, quando Deisi foi surpreendida. O homem derrubou Deisi e desferiu 15 facadas, que atingiram o pescoço, costas, cabeça e uma das mãos.
A servidora recebeu os primeiros socorros no hospital de Rio do Campo e, em seguida, foi transferida em estado gravíssimo para o Hospital Regional de Rio do Sul, de helicóptero. A gravidade dos ferimentos também exigiu drenagem nos pulmões, que foram atingidos pelos golpes. “Eu fui atacada com golpes de faca no meu ambiente de trabalho, sem defesa nenhuma. Mas a sorte que eu tive pessoas que me ajudaram, ligaram para o hospital. Teve ainda o atendimento no hospital, o helicóptero Arcanjo que fez a transferência até o Hospital Regional Alto Vale em Rio do Sul, onde fiquei por uma semana internada”, lembrou.
Durante a agressão, o homem também se feriu com a faca, aparentemente em uma tentativa de suicídio. Funcionários da unidade tentaram intervir, mas foram ameaçados e impedidos de se aproximar. A violência só cessou quando o secretário de Saúde, conseguiu desarmar o agressor, golpeando a faca com um pedaço de madeira.

Deisi achou que não iria sobreviver
Com a gravidade dos ferimentos, Deisi, em alguns momentos achou que não iria sobreviver. “Eu sempre pensava nos meus filhos e pedia para Deus me ajudar, para ter uma vida com a minha família”, completou.
Segundo ela, o relacionamento era marcado por episódios de violência psicológica, patrimonial e emocional — sinais que foram se acumulando até se tornarem inegáveis. “Era um casamento tóxico e passei por vários tipos de violência, mas nunca tinha chegado na violência física”. Ele era dependente de cocaína e por muito tempo, eu tentei ajudar, com o internamento dele. E de fato, nunca imaginei que pudesse passar por isso”, afirmou.
O ex-companheiro de Deisi foi encaminhado também ao hospital e após a alta médica, foi preso em flagrante. Ele permanece no Presídio Regional de Rio do Sul, onde aguarda a data do julgamento.

Deisi nasceu de novo
Hoje, Deisi reconstrói sua vida ao lado dos filhos. Voltou a exercer sua profissão na unidade de saúde e segue atuando como vereadora no município de Rio do Campo. Mais forte, mais viva e determinada a ajudar outras mulheres a romperem o ciclo da violência. “Desde os primeiros sinais de violência, não ache que é normal e que vai ficar por isso. Denunciem. Saiam desse relacionamento tóxico. É possível ter uma vida plena, com paz, com dignidade, com os filhos ao nosso lado”, finalizou.
Neste Dia das Mães, celebrado no domingo (11), a história de Deisi vai além de uma homenagem — é um grito por vida, por coragem e por liberdade. As marcas no corpo ainda podem ser visíveis, mas a força dessa mulher falou mais alto. Com fé, amor pelos filhos e a vontade de recomeçar, ela provou que é possível sim vencer, mesmo depois da dor.

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