Saiba como denunciar a violência doméstica e buscar ajuda
O Jornal do Alto Vale desta segunda-feira (31), recebeu no estúdio da Rádio Mirador 98.5 FM – a Gigante do Alto Vale, a cabo do 13º Batalhão de Polícia Militar de Rio do Sul, Jerusa Fronza, para falar sobre um tema muito sério e que precisa de atenção: a violência doméstica. Jerusa também faz parte da Rede Catarina, um programa especializado no combate e na prevenção desse tipo de crime.
A cabo da PM, explica que a violência doméstica afeta mulheres de todas as classes sociais, e cada vítima reage de forma diferente à situação. “Depende muito de como ela está lidando e o tempo dessa situação. Algumas demonstram claramente o sofrimento, choram e se emocionam, enquanto outras escondem a dor. No entanto, os números no Alto Vale impressionam e são os mais altos de Santa Catarina, o que reforça a necessidade de ações preventivas e atuação em rede para romper esse ciclo”, afirmou.
Desde 2018, a Rede Catarina já atendeu 1.690 mulheres na área da 1ª Companhia da Polícia Militar, que abrange os municípios de Rio do Sul, Lontras, Laurentino, Rio do Oeste, Agronômica, Aurora e Presidente Nereu. Esses números correspondem a casos denunciados e que resultaram em medidas protetivas, mas a realidade pode ser ainda maior, pois muitas vítimas não procuram ajuda.
Cinco tipos de violência e o papel da denúncia
A violência doméstica vai além da agressão física. A Lei Maria da Penha prevê cinco tipos:
- Física: agressões diretas contra o corpo da vítima.
- Psicológica: manipulação, humilhação e ameaças que causam sofrimento emocional.
- Sexual: forçar relações ou impedir o uso de métodos contraceptivos.
- Patrimonial: destruição de bens, retenção de documentos e controle financeiro abusivo.
- Moral: calúnia, difamação e injúrias.
A denúncia pode ser feita diretamente na Delegacia da Mulher ou acionando a Polícia Militar em situações de flagrante. O boletim de ocorrência é essencial para a solicitação da medida protetiva, que é analisada pela Justiça. Caso seja concedida, a PM recebe a determinação e inicia o acompanhamento da vítima.
Rede de apoio e Botão do Pânico
Após a concessão da medida protetiva, a Rede Catarina entra em ação. Muitas mulheres não conhecem o programa, mas ele funciona desde 2018 e oferece suporte pós-crime. Um dos recursos mais eficazes é o Botão do Pânico, um aplicativo da Polícia Militar que, ao ser acionado, envia um alerta imediato ao Centro de Operações, garantindo uma resposta rápida e discreta. A chegada da viatura pode pegar o agressor de surpresa e aumentar a chance de prisão.
Além disso, existem outras formas silenciosas de pedir ajuda, como a campanha do “X vermelho” na mão, que pode ser mostrada a atendentes de farmácias para que acionem a polícia. Também há relatos de vítimas que fingem solicitar fretes ou pizzas para disfarçar o pedido de socorro ao entrar em contato com a PM.
Rede de proteção e apoio psicológico
Muitas mulheres têm medo de denunciar por não saberem para onde ir. Em Rio do Sul, há uma rede de apoio, incluindo:
- Casa de acolhimento: abriga vítimas e seus filhos, oferecendo suporte para recomeçar a vida.
- Navite (Núcleo de Atendimento às Vítimas de Violência Doméstica): fornece apoio psicológico, jurídico e assistência social.
- Unidavi e CAPS: oferecem atendimento psicológico e suporte emocional.
Ouça a entrevista na íntegra: