Debater ações sustentáveis de prevenção a enchentes e de mitigação dos desastres climáticos e ambientais. Esta foi a proposta da audiência pública que a Comissão de Turismo e Meio Ambiente da Assembleia Legislativa promoveu na terça-feira (25) no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Catarinense, em Rio do Sul.
O evento que contou com a participação de lideranças políticas da região do Alto Vale do Itajaí e representantes de órgãos estaduais e de instituições acadêmicas, foi proposto pelo deputado suplente Rodrigo Preis.
Conforme o parlamentar, a intenção foi debater ações complementares ao atual sistema de prevenção a enchentes, que prioriza a adoção de barragens e o desassoreamento de rios. Segundo disse, no meio rural poderiam ser adotadas práticas como a cobertura de solo, a aplicação de terraceamentos nas elevações e a construção de pequenas barragens dentro das propriedades dos agricultores. Já para as cidades, seriam indicados o uso de cisternas para a captação de d’água e de telhados verdes nas edificações.
“A gente apoia tudo o que já foi feito neste sentido, mas queremos trazer mais alternativas, queremos também ouvir a comunidade, colher sugestões e, quem sabe, criar novas políticas públicas, para que lá na frente o governo possa investir nestas ações de e prevenção junto com os agricultores e os moradores das nossas cidades.”
Modelo de agricultura
Um dos palestrantes da noite, o engenheiro agrônomo Jamil Abdalla Fayad, defendeu uma mudança no modelo de agricultura atualmente praticado no Alto Vale do Itajaí, como forma de mitigar os efeitos das cheias que frequentemente ocorrem na região.
O profissional, que atuou na unidade de Ituporanga da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri), explicou que cerca de 95% do solo da região atualmente é utilizado para a agricultura, sobretudo no sistema de plantio convencional, que exige a preparação do solo de forma mais intensiva.
Neste modelo, disse, o solo absorve no máximo 32 milímetros de água por hora, contra 120 a 140 milímetros por hora no sistema de plantio direto, que aproveita a cobertura de solo já existente.
“O que é essa terra que está assoreando os rios? O que são essas enchentes sendo cada vez maiores? São terras que estão saindo do meio agrícola e das estradas do anterior. Então, temos que repensar o tipo de agricultura que vamos fazer na região”.
Na condição de gerente regional da Epagri de Rio do Sul, Almir Kröger explicou que o plantio direto já foi comum na região, mas foi gradativamente abandonado pelos agricultores devido à massificação do uso de maquinário e a busca de maior produtividade. Ele afirmou, entretanto, que a instituição vem procurando conscientizar os produtores rurais sobre as vantagens do uso do sistema, especialmente sob o ponto de vista ambiental. Para isto, estão sendo promovidos eventos de capacitação nas diversas regiões do estado.
“Um exemplo disso, foi o seminário sobre o sistema de plantio direto de hortaliças que foi realizado no início do mês no município de Atalanta, em que foram discutidas alternativas de controle de erosão, visando manter esse solo nas propriedades e evitar esse efeito danoso das cheias que acontece nas cidades.”Ele disse ainda que o objetivo final não é evitar totalmente as enchentes, mas mitigar seus danos.