Na quinta-feira (4), Cynthia Luiza Ribeiro do Amaral se formou no curso de Serviço Social pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), e fez história. Ela é a primeira pessoa a colar grau na instituição utilizando beca branca.
A beca foi desenvolvida especialmente para a formanda, e é um símbolo de respeito à diversidade religiosa e à sua formação espiritual no Candomblé.
O processo de formação começou no mesmo dia em que Cynthia apresentou a tese de conclusão de curso (TCC). Foi quando iniciou o período de “preceito”, uma etapa importante no desenvolvimento espiritual dos praticantes do Candomblé que se preparam para receber o orixá.
Durante esse período, ela precisa passar por diversos rituais, incluindo o uso diário de vestes brancas e o cobrimento dos cabelos por um ano.
Primeira vez na história da UFSC
Pela primeira vez na história, a UFSC adotou uma vestimenta com essas características. Uma decisão da Reitoria para permitir que Cynthia se formasse respeitando sua perspectiva espiritual e garantindo seus direitos.
O cumprimento dessa prerrogativa legal é um marco para toda a comunidade acadêmica, bem como para os praticantes do candomblé e de todas as religiões, sendo também um ato de combate ao racismo e à intolerância religiosa.
O orixá de Cynthia é Oxumarê, cuja história está associada ao movimento e à transformação.
Preparação para a colação
Quando percebeu que sua formatura coincidiria com seu período de preparação espiritual, Cynthia começou a planejar como conciliar as duas celebrações, já que a formatura tradicional era um direito.
“Eu me perguntava como poderia me formar usando roupas pretas e mantendo o cobrimento da cabeça”, lembra.
O direito à diversidade religiosa é previsto na Constituição Federal, que inclui o direito aos cidadãos de expressarem e praticarem sua religião. No caso das instituições de ensino, a Lei de Diretrizes e Bases indica a autonomia para a regulação desse tipo de norma, desde que dentro dos limites constitucionais.
Cynthia foi a única formanda a usar branco entre seus colegas, o que ela considera uma conquista por mais tolerância e respeito, valores que também são fundamentais para assistentes sociais.