O lixo gerado pela cheia que atingiu o Rio Grande do Sul já soma 47 milhões de toneladas de resíduos, diz uma pesquisa feita pela Rede de Soluções para o Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas (ONU), e do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma). Ainda segundo o estudo, a quantidade de lixo gerada na cheia que atingiu o Rio Grande do Sul é maior do que foi gerada na guerra na Faixa de Gaza. As informações são do g1.
Os funcionários de limpeza pública dos municípios estão enfrentando o desafio de retirar os resíduos das ruas. Em Porto Alegre, 800 garis trabalham diariamente para recolher o lixo. “Antes, a gente trabalhava de segunda a sábado. Agora, estamos de segunda a segunda, tocando direto. Está corrido, mas vai fazer o que? Tem que ajudar, não adianta”, diz o coletor de lixo Alexsandro Dias Capela Júnior, de 21 anos.
Já na cidade de Canoas, onde 70 mil residências foram afetadas, 120 caminhões e 40 retroescavadeiras estão trabalhando diariamente na remoção do entulho, mas o processo é lento. “A gente está se deparando com praticamente a casa inteira na calçada. Camas, colchões, o guarda-roupas, mesas. Praticamente todos os objetos”, diz o secretário municipal de Serviços Urbanos de Canoas, Lucas Lacerda.
Segundo a prefeitura, em média, o que sai de uma única casa enche um caminhão. Até agora, foram quase 4 mil viagens para uma área que serve como ponto de transferência para um aterro em Gravataí, a 30 quilômetros de distância.
Diversas áreas de descarte foram criadas no estado
No Vale do Taquari, milhares de pessoas perderam as casas e só encontraram entulhos deixados pela cheia. Em Lajeado, um aterro municipal recebe cerca de 250 caminhões por dia da própria cidade, de Cruzeiro do Sul e de Santa Clara. O local tinha sido uma antiga mina de saibro e começou a operar no dia 6 de maio, quando as águas ainda não tinham baixado completamente.
“A cidade estava ilhada, sem energia elétrica. A gente tinha de ter uma decisão que pudesse causar menos impacto. E nisso que a gente pensou e conseguiu demonstrar para o órgão ambiental e fazer essa ação”, explica o engenheiro responsável pelo aterro, Antônio Mallmann.
Se a retirada demorar, existe o risco de proliferação de doenças e de novas chuvas levarem esses lixos para leitos dos rios. Em todo o estado gaúcho, foram criados 46 pontos de descarte. São aterros próximos aos locais com detritos e que ajudam na velocidade da limpeza e na diminuição dos custos da operação. A administração estadual está planejando alternativas de reaproveitamento do lixo.
“Nós optamos por uma nova alternativa: identificar locais potenciais para o recebimento desse material inerte. Uma coisa muito importante. Não misturar aquele resíduo comum, hospitalar eletrônico, com esse resíduo madeira, concreto da construção civil para que a gente possa dispor, segregar e reaproveitar no futuro pelo quantitativo”, diz a secretária de Meio Ambiente e Infraestrutura do Rio Grande do Sul, Marjorie Kauffmann.
De acordo com o engenheiro Philipe Andando, os móveis e madeiras são levados para o novo local. Em outro ponto, será colocada a lama. Os resíduos inertes, aqueles provenientes da construção civil, deverão ser reciclados. E isso vem sendo analisado desde as cheias de 2023.
Foto: TV Globo, Reprodução
Informações: Maria Magnabosco/NSC