Conduzidas pelo mestre mamulengueiro Chico Simões, as aulas-espetáculos integram iniciativa que visa difundir o Teatro Popular de Bonecos
Histórias sobre o cotidiano e a cultura popular contadas com bonecos, músicas e humor. Enquanto cativa e provoca o público ao tratar de questões sociais de maneira leve e envolvente, o Mamulengo celebra a riqueza das tradições nordestinas. Nos dias 24 e 25 de agosto, o projeto Mamulengo Circuladô leva esse legado cultural a Rio do Sul em duas apresentações alegres e irreverentes. As sessões são gratuitas e ocorrem às 19h e às 16h, no Teatro Domingos Venturini.
Apresentadas pelo mestre mamulengueiro Chico Simões e pelo músico Daniel Carvalho (DF), as duas aulas-espetáculos contam a história do amor proibido de Benedito e Margarida. Como ela está grávida, eles fogem com o Boi Estrela para a cidade, onde enfrentarão as dificuldades naturais da vida e a perseguição do terrível Capitão João Redondo. O enredo se desenrola a partir da interação com os espectadores e de música ao vivo.
A turnê do projeto Mamulengo Circuladô teve início em julho e já passou por Goiânia (GO), Guaxupé (MG), Guaranésia (MG), São Paulo (SP), Canoas (RS), Morro Reuter (RS), Gramado (RS) e Florianópolis. Rio do Sul é o último destino. Criada por Chico Simões e Clara Nugoli, a iniciativa tem o propósito de desenvolver ações focadas na educação patrimonial e na difusão do Teatro de Bonecos Popular do
Nordeste, tradição que é patrimônio cultural brasileiro. As apresentações são gratuitas, para todas as idades e ocorrem às 19h, no dia 24 de agosto, e às 16h, no dia 25, no Teatro Domingos Venturini. A segunda sessão contará com audiodescrição.
O Projeto Mamulengo Circuladô
Com recursos do Fundo de Apoio à Cultura do Distrito Federal (FAC-DF), até agosto o projeto Mamulengo Circuladô também passará por São Paulo, Minas Gerais, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. As apresentações, no formato aula-espetáculo, permitem ao público apreciar a irreverente arte do mamulengo ao mesmo tempo em que são compartilhados conteúdos sobre a importância das tradições populares na formação da identidade cultural brasileira. Também são abordados conteúdos sobre a difusão da tradição e sobre o que é e o que pode vir a ser registrado um patrimônio cultural.
Cada cidade visitada pelo projeto sediará duas aulas-espetáculo da montagem ‘O Romance do Vaqueiro Benedito’. Além de Chico Simões botando bonecos e trazendo as peculiaridades da tradição mamulengueira, as apresentações serão acompanhadas de trilha sonora ao vivo executada pelo rabequeiro e músico brincante Daniel Carvalho. Para reforçar as ações em educação patrimonial para diferentes públicos, serão distribuídas cartilhas educativas no formato impresso em tinta e também em Braille.
Mamulengo: cultura, brincadeira e tradição viva
O Mamulengo foi registrado como patrimônio cultural imaterial em 2015, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), recebendo o nome de Teatro de Bonecos Popular do Nordeste. Enquanto tradição viva, sua originalidade criativa revela processos históricos da formação do povo brasileiro e suas re-existências. Geralmente brincado por um bonequeiro e um terno de músicos que interagem sempre com o público, o Mamulengo é a forma popular e tradicional do teatro popular de bonecos no Brasil. Um ofício repassado pela tradição oral, de mestre para aprendiz. Nasceu nos interiores da região Nordeste e se espalhou junto com processos migratórios, recebendo diferentes nomes: Mamulengo (PE, SP e DF), Babau (PB), João Redondo ou Calunga (RN) e Cassimiro Coco (CE, PI e MA). No Distrito Federal está presente desde a época da construção de Brasília, trazido por trabalhadores migrantes.
“O teatro de bonecos popular já foi comum em todo o Brasil. Além das várias formas de brincar no Nordeste, temos histórias do Espírito Santo e do Rio de Janeiro, onde era chamado de João Minhoca, no Centro Sul e interior de São Paulo se chamava Briguela, que é o nome que tem na Itália. E em Santa Catarina a gente tem notícia do Caspar, que é uma brincadeira que tem na Alemanha”, complementa Chico Simões.
fonte: Fundação Cultural de Rio do Sul