Artigo de Fernando Morgado
“Se você participou da primeira turma da minha masterclass Inteligência Artificial para Rádio, realizada em junho, provavelmente já tem uma ideia de porque estou escrevendo este artigo. As vagas para essa masterclass se esgotaram em um piscar de olhos, demonstrando o interesse do meio de se reinventar nesta era digital. Agora, para aqueles que não conseguiram participar, trago uma análise abrangente de um fenômeno recente que evidencia a força do rádio: ele está ultrapassando a televisão.
Sim, você leu certo. A realidade dos dados é que, no terceiro trimestre de 2022, o rádio superou a televisão na demografia chave para a publicidade nos Estados Unidos. De acordo com a Nielsen, o FM/AM atinge agora 41% a mais de pessoas do que a televisão ao vivo e sob demanda. O rádio chegou a 83% dos consumidores todas as semanas durante o terceiro trimestre, comparado a um alcance de 59% da TV. Ainda mais impressionante, o rádio ultrapassou a TV no público entre 18 e 49 anos de idade. E por quê?
Os especialistas têm debatido continuamente sobre o futuro das mídias tradicionais em um mundo cada vez mais digital. Embora a televisão tenha sido uma gigante inquestionável por décadas, recentes estatísticas têm questionado seu reinado. Enquanto isso, o rádio segue mostrando enorme resiliência.
A chegada das novas tecnologias e o aumento da conectividade levaram a uma mudança no comportamento da sociedade. Aqui, mobilidade é uma palavra-chave. Desde o advento do transistor, o rádio oferece flexibilidade, permitindo que as pessoas ouçam o que quiserem, onde quiserem e quando quiserem.
A publicidade também desempenha um papel fundamental nesta virada de jogo. O rádio entrega aos anunciantes a possibilidade de alcançar um público amplo e diversificado, com custos muito menores em comparação à TV. Isto é particularmente atraente para marcas que procuram impactar os consumidores em momentos chave do dia, como a ida e volta do trabalho, ou durante atividades domésticas.
Além disso, o rádio permite uma conexão mais íntima e pessoal com a audiência. O meio proporciona uma sensação de companheirismo que, combinada com a flexibilidade mencionada anteriormente, se traduz em um maior engajamento do público.
Agora, o que isso significa para o futuro do rádio e da televisão? Para mim, o futuro do rádio é ser TV e o futuro da TV é ser rádio.
O rádio, ao abraçar o digital, já se transforma em uma espécie de televisão. Com a transmissão on-line, as emissoras podem oferecer vídeos e outros recursos visuais, além de áudio, permitindo uma experiência de consumo mais rica. O rádio pela internet também dá oportunidade para mais interação e personalização, semelhantes ao que ocorre nas plataformas de streaming e na TV por assinatura.
Por outro lado, a televisão também evolui para adotar características do rádio. Com o crescimento de plataformas de streaming e on demand, os espectadores têm a liberdade de assistir ao conteúdo em seus próprios termos, uma característica anteriormente associada ao rádio. Além disso, as TVs estão adotando uma abordagem mais focada na comunidade, oferecendo maior programação local e tentando se conectar mais intimamente com seu público, algo em que o rádio sempre se destacou.
Portanto, essa é a verdade que muitos não querem contar: o rádio não está obsoleto, muito pelo contrário. A televisão também não está morrendo, mas ambos estão em transformação. Nesta era de rápidas mudanças comportamentais e tecnológicas, o rádio e a televisão devem se adaptar e se reinventar. O rádio se torna mais televisão, e a televisão se torna mais rádio. E talvez essa seja a chave para a continuidade de ambos no universo da comunicação.”
Fonte: tudoradio.com