Uma equipe da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc) iniciou em setembro as gravações para o projeto de cultura Memória e Patrimônio Cultural do Povo Laklãnõ Xokleng em Santa Catarina, que está sendo desenvolvido pelo Centro de Educação a Distância (Cead).
Feito com recursos do edital Campus da Cultura Udesc, o projeto visa produzir um documentário curta-metragem sobre a população indígena que habita a região do Alto Vale do Itajaí, tendo como fio condutor a dissertação de mestrado da pesquisadora Walderes Coctá Priprá.
Walderes concluiu seu mestrado na área de Arqueologia, em 2021, pela Universidade Federal de Santa Catarina (Ufsc), com a dissertação “Lugares de acampamento e memória do povo Laklãnõ Xokleng, Santa Catarina”.
O estudo mapeou os locais de memória desse povo, que teve seus primeiros contatos com não indígenas no início do século 20. Orientado pela professora Juliana Salles Machado, o trabalho conquistou o Prêmio de Excelência em Mestrado, concedido pela Sociedade de Arqueologia Brasileira (SAB).
Neab Udesc
Na Udesc Cead, o projeto de cultura foi proposto e é coordenado pela professora Soeli Francisca Mazzini Monte Blanco e pela técnica Maria Helena Tomaz, que são pesquisadoras vinculadas ao Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros (Neab) da universidade.
A equipe gravou entrevistas na Terra Indígena Laklãnõ Xokleng entre 2 e 4 de setembro. Situada entre quatro municípios – José Boiteux, Doutor Pedrinho, Vitor Meirelles e Itaiópolis – a área onde a pesquisa de Walderes foi realizada inclui dez aldeias: Bugio, Coqueiro, Figueira, Kóplág, Palmeiras, Pavão, Plipatól, Sede, Takaty e Toldo. Cerca de 2,8 mil Laklãnõ Xokleng e Tupi-Guarani habitam na região.
As gravações ocorreram principalmente na Aldeia Bugio, na Escola Básica Vanhecu Patté e em residências, no primeiro dia; e nas aldeias Plipatol e Kóplág, dentre outras locações, nos dias seguintes.
Equipe e entrevistados
Além de Francisca e Maria Helena, participaram das atividades os técnicos Gustavo Cabral Vaz (jornalista) e Gilberto Luiz Françosi (motorista) e Nani Lima, estudante do curso de Licenciatura em Teatro da Udesc Ceart, que faz estágio na Udesc Cead. O técnico André Corrêa de Abreu também prestou apoio no retorno de parte da equipe a Florianópolis.
Acompanhada de Walderes, a equipe atuou nas filmagens conduzidas por Fernando Xokleng e Jucelino de Almeida Filho. Primos e graduandos do curso de Jornalismo na Ufsc, os dois trabalham com produção em vídeo e serão autores do produto final. No ano passado, ambos tiveram projetos contemplados no Prêmio Catarinense de Cinema.
Foram gravadas entrevistas com mais de dez pessoas, incluindo: a própria Walderes; o professor Micael Veitcha, que é mestrando em Linguística na Ufsc; João Adão Nunc-Nfoonro de Almeida, pai de Walderes, que é poeta e escreveu um livro sobre a história dos Xokleng; a professora Miriam Vaicá Priprá, mãe de Walderes; Geramiel de Almeida, irmão de Walderes, que faz oficinas de artesanato para estudantes em uma construção Xokleng que ele fez próximo a sua residência; o diretor da escola Vanhecu Patté, Osias Tucung Paté; a cacica Fabiana Patte dos Santos; a anciã Diná Patté; Ezequias Priprá; a professora Jéssica Gamu Priprá e sua filha Leyonda Nghe Mum ya-ói.
Sobre o Neab
Criado em 2003, o Neab da Udesc visa, dentre suas finalidades, auxiliar na produção e na disseminação do conhecimento, por meio do ensino, da pesquisa e da extensão, no desenvolvimento de políticas de diversidade étnicorracial, na promoção da igualdade e na valorização das populações de origem africana e indígena. (Ascom Udesc)