A tão aguardada visita do presidente Lula a Santa Catarina, inicialmente programada para o próximo sábado (6), enfrenta incertezas quanto à sua realização, conforme fontes ligadas ao governo. A ida de Lula a Itajaí estava prevista para coincidir com a atracação inaugural de um navio no terminal de contêineres do porto, um marco após a saída da APM Terminals há um ano e meio.
Nos bastidores, há informações indicando que diversos obstáculos podem impedir a visita presidencial esta semana. Um dos principais apontados é a contestação de que a retomada das operações no Tecon de Itajaí seria apenas uma iniciativa simbólica promovida pela Autoridade Portuária, prefeitura e pela JBS, que assumiu temporariamente o arrendamento do terminal.
De fato, a JBS, por meio da Seara, assumiu apenas as operações dos berços 01 e 02 do Tecon, sem que a área do cais mantenha sua certificação alfandegária desde a saída da APM Terminals. Portanto, o navio que está programado para movimentar 700 contêineres em Itajaí atracará na área operada pela SC Portos, não caracterizando uma retomada plena do Tecon.
Outro fator especulado nos bastidores é a possibilidade de Lula evitar estar na mesma cidade que o ex-presidente Jair Bolsonaro no mesmo dia. Itajaí é conhecida por sua inclinação conservadora, onde Bolsonaro recebeu significativos 72,96% dos votos no segundo turno das eleições de 2022, contra 27,04% dados a Lula.
Bolsonaro participará nos dias 6 e 7 do Conservative Political Action Conference (CPAC) Brasil 2024, um evento que reúne figuras de destaque do conservadorismo internacional. Lula, portanto, poderia se encontrar inadvertidamente com Bolsonaro e seus apoiadores caso estivessem ambos no aeroporto de Navegantes simultaneamente.
Além disso, a agenda do presidente tem estado intensamente ocupada nos últimos dias, com compromissos recentes em São Paulo e no Rio de Janeiro, seguidos pela participação na cúpula do Mercosul no Paraguai no próximo domingo (7), em Assunção.
Lula também demonstrou interesse em participar da inauguração do Contorno Viário da Grande Florianópolis em agosto e do lançamento ao mar das fragatas construídas em Itajaí para a Marinha do Brasil no próximo mês. A proximidade temporal entre esses eventos poderia inviabilizar politicamente duas visitas presidenciais ao mesmo estado em um intervalo tão curto.