Já estão mapeadas as obras consideradas prioritárias pela Defesa Civil de Santa Catarina para prevenção de enchentes no Vale do Itajaí. Elas estarão listadas no programa “Proteção Levada a Sério”, que o governo do Estado prepara para lançar em breve. As ações serão divididas em duas fases. Na primeira estarão aquelas que devem começar ainda neste semestre. Já para a segunda etapa ficarão as consideradas mais complexas.
Dragagem
De acordo com o coronel Fabiano de Souza, secretário de Estado da Defesa Civil, um dos primeiros trabalhos será a dragagem dos rios por 8,2 quilômetros em Rio do Sul e 3 quilômetros em Taió. Segundo o gestor, a ideia é executar o serviço em toda a bacia do Rio Itajaí, mas deve começar por esses trechos. Ele explica que as obras não vão precisar de licença ambiental porque o status de calamidade decretado por essas cidades no ano passado garante a dispensa do documento.
Ainda assim, o órgão aguarda orientação do Instituto do Meio Ambiente (IMA) sobre a destinação do material tirado do leito do rio — que vai desde galhos e árvores a móveis e pneus. A expectativa, conforme o secretário, é começar a dragagem até abril deste ano. Fabiano cita que a última vez que o leito do Rio Itajaí-Açu passou por uma grande “limpeza” foi após as enchentes de 1983 e 1984. A ideia é que agora esse trabalho inicie pelo Alto Vale e vá até a foz.
Minibarragens
O programa do governo do Estado vai prever ainda para esse primeiro semestre a contratação das empresas responsáveis pela construção das minibarragens de Mirim Doce e Petrolândia. As estruturas devem ajudar a conter as recorrentes cheias no Alto Vale do Itajaí. De acordo com o coronel Fabiano, a cabeceira da bacia do Itajaí tem 5,2 mil quilômetros quadrados de área e 40% destes cursos de água ficam represados em barragens. Os outros 60% descem para o mar sem nenhum obstáculo.
A barragem projetada para Mirim Doce terá capacidade para 12,6 milhões de metros cúbicos. A função dela será conter a água da chuva que chega ao Rio Taió e desagua no Itajaí do Oeste, no Centro de Taió, depois da barragem lá existente, e desce livremente para o Médio Vale. O mesmo ocorre com a futura barragem de Petrolândia, cujo objetivo é conter as águas do Rio Perimbó que chegam ao Itajaí do Sul em Ituporanga, também abaixo da barragem. Essa terá capacidade para 3,54 milhões de metros cúbicos.
Aliás, quando o assunto é barragem, o governo do Estado precisa tirar do papel outras duas. A de Trombudo Central e a de Botuverá. Essa última chegou a ter licitação lançada, mas houve contestação do edital. A obra estava sob a responsabilidade da Casan, que usaria a estrutura para o abastecimento de água na região. Agora, se discute se a construção deve ser transferida para a Secretaria de Estado da Infraestrutura ou de Defesa Civil, para ser viabilizada.
Quando ficar pronta, a barragem terá capacidade para conter 15,7 bilhões de litros de água do Rio Itajaí-Mirim, que nasce em Vidal Ramos, no Alto Vale, e desce para Itajaí sem barramento. Segundo o secretário, a obra estará na primeira etapa do programa estadual.
Conserto das barragens existentes
Se por um lado a Defesa Civil de Santa Catarina precisa tirar do papel obras antigas previstas para contenção de enchentes, na outra ponta precisa recuperar as já existentes. Em Ituporanga, uma empresa foi contratada para consertar as comportas da barragem. Uma deles está inoperante por causa de danos, e o cenário se agravou com as operações durante as cheias do ano passado.
A previsão, de acordo com o secretário Fabiano de Souza, é que a instalação do Stoplog — que é uma barreira antes das comportas para conter a água e permitir que os técnicos façam os consertos onde há vazamentos e manutenção no restante da estrutura — aconteça no fim de fevereiro ou, no máximo, no começo de março, se a chuva atrapalhar.
Em José Boiteux, o problema no cilindro emperrado que impede a abertura de uma comporta será alvo de discussão na segunda-feira (22). Enquanto isso, diz o coronel, será iniciada nos próximos dias a limpeza da área. Imagens do fotógrafo Patrick Rodrigues (ver galeria abaixo) evidenciam também a necessidade de dragagem do Rio Itajaí do Norte na parte acima da barragem em virtude do excesso de sedimentos acumulados.
Tirar as rochas do rio
A remoção de rochas no Rio Itajaí-Açu para melhorar a vazão da água deve ficar para o segunda etapa do “Proteção Levada a Sério”. Isso porque exige licença ambiental e tem a necessidade de uma licitação mais detalhe, para então começar o processo de contratação da empresa especializada para fazer o serviço. A medida está prevista para nove pontos entre Rio do Sul e Lontras, somando 21 quilômetros.
Canais extravasores em Blumenau e Navegantes
Os canais extravasores em Blumenau e Navegantes também devem ficar para a segunda etapa do programa que o governo do Estado pretende lançar. A obra em Blumenau custaria cerca de R$ 800 milhões e passa, atualmente, por revisão do orçamento. Já a obra em Navegantes, considerada primordial pela Defesa Civil de Santa Catarina, é mais complexa, diz o secretário Fabiano de Souza. Isso porque depende de ajustar os projetos e rever o traçado da obra, pois nos últimos anos houve muita construção na área e exigiria várias desapropriações.
Fonte: Talita Catie/NSC Total
Foto: Adriano da Nahaia, NSC – Patrick Rodrigues/NSC