Um dos selecionados para participar do projeto Darwin200, que reconstitui a expedição de Charles Darwin, é o catarinense Vitor Zanelatto, de 21 anos, que ao longo de sete dias estará a bordo do centenário veleiro Oosterschelde junto a outros jovens do Brasil, Argentina e Reino Unido.
Vitor nasceu em Atalanta, comunidade agrícola em Santa Catarina com pouco mais de 3 mil habitantes, e hoje vive em Florianópolis para estudar Ciências Biológicas na Universidade Federal de Santa Catarina.
Em 2019, foi reconhecido como Jovem Transformador Ashoka por promover ações de mobilização dos jovens de sua comunidade em prol da restauração e preservação ambiental. “É muito especial participar desta expedição e conseguir imaginar e vivenciar um pouco de como foi a viagem de Darwin”, conta o jovem.
Vitor embarca em Puerto Madryn, na Patagônia argentina, onde vai se conectar com uma pesquisadora local para estudar as relações entre seres humanos e a natureza. “Vou identificar algumas espécies de corujas e compreender o papel que elas desempenham em áreas de agricultura, que passaram pela interferência humana”, explica Vitor.
“Quando falamos sobre as interações entre humanos e o ambiente, somos imediatamente levados a pensar apenas nos impactos negativos. Mas existe também este movimento de olhar para populações como os povos indígenas e pequenos produtores rurais e identificar os impactos positivos da espécie humana, mostrando que é possível promover uma convivência harmônica entre as pessoas, a fauna e a flora”, pontua.
Ao final da jornada, Vitor pretende gerar desdobramentos que façam sentido para a população local, a partir de seus anseios e da valorização dos conhecimentos daquela região, e que no futuro possam levar a novas pesquisas e projetos pela preservação ambiental.
A expedição
Em 1831, o jovem Charles Darwin, então com 22 anos, subiu a bordo do veleiro HMS Beagle em uma expedição que duraria quase cinco anos, gerando registros cartográficos, catalogando a fauna e flora de diversas partes do mundo e construindo as bases para, mais tarde, desenvolver a Teoria da Evolução. Quase 200 anos depois, a iniciativa Darwin200 convoca jovens a embarcarem em uma viagem para reconstituir o trajeto do naturalista e desenvolver projetos de conservação ambiental.
Ao longo dos dois anos de expedição, um dos objetivos é que 200 jovens pesquisadores de todo o mundo passem pelo navio, embarcando em pequenos grupos em cada um dos portos onde Darwin esteve e refazendo sua rota, enquanto investigam as transformações nos ecossistemas e impulsionam mudanças globais para as próximas décadas.
Até o momento, a expedição já passou por países da Europa, África, pelo Brasil (em Fernando de Noronha, Salvador e Rio de Janeiro) e Uruguai.