O ex-governador Carlos Moisés (Republicanos) enviou uma carta aos correligionários no domingo (9) em que afirma ter recebido a garantia do presidente nacional do partido, deputado Marcos Pereira, que qualquer mudança no comando do Republicanos em Santa Catarina só ocorrerá depois das eleições municipais. Na semana passada, o governador Jorginho Mello (PL) selou a “tomada” do Republicanos em SC com um lance que incluiu a troca de partido do deputado Jorge Goetten, com aval do TSE, para assumir a presidência estadual. A informação é da jornalista Dagmara Spautz, colunista da NSC.
“Na condição de presidente estadual do Republicanos, ouvindo através da imprensa estadual que o partido seria entregue nas mãos de lideranças do partido liberal, imediatamente busquei conversar com o Presidente Nacional do Republicanos, Deputado Federal Marcos Pereira, a fim de compreender a situação. Conhecendo a integridade do nosso presidente nacional, não foi surpresa para mim a afirmação e a garantia por parte do nosso presidente de que qualquer alteração eventualmente cogitada para a composição da direção do Republicanos de Santa Catarina, não envolveria, em hipótese alguma, a eleição municipal do ano de 2024, seguindo inalterada a situação do Republicanos de Santa Catarina até que ocorra a eleição municipal”, escreveu Moisés.
A carta contesta as informações vindas do próprio PL sobre as articulações de Jorginho. O governador fez um lance robusto num leilão que já vinha correndo há meses nos bastidors, em absoluto sigilo, e envolvendo diferentes partidos. Entregou ao Republicanos um deputado federal para encorpar a bancada do partido no Congresso e negociou apoio da bancada catarinense nas eleições para a presidência da Câmara. Marcos Pereira, presidente do partido, é um dos candidatos ao posto de Arthur Lira (PP).
Ocorre que, para Jorginho, vencer o leilão só tem vantagem imediata se derrubar os acordos prévios – ou seja, e desfizer arranjos em que o Republicanos seria acessório para outras legedas, e poderia ser uma pedra no sapato do PL. Especialmetne com o PSD, onde há acordos importantes em algumas das maiores cidades do Estado.
A coluna apurou que houve, de fato, uma articulação de bastidor – à revelia de Moisés – para tentar protelar a transferência de comando no Republicanos. Esse movimento foi feito pelo PT junto ao governo federal, onde o Republicanos integra o ministério de Lula, e foi um gesto aos demais partidos, mirando nas alianças e acordos para as eleições municipais. O movimento, no entanto, não teria sido bem-sucedido.
Diante da batalha de versões, o cenário do Republicanos segue indefinido. (NSC)
Veja a carta de Moisés na íntegra:
“Nos últimos 18 meses trabalhamos para construir o partido Republicanos10 mais fortee presente na sociedade catarinense.Atraímos centenas de pessoas para um novo projeto político, dedicado ao povo deSanta Catarina, e apresentamos novos nomes para as eleições municipais de 2024.Estou confiante de que essa será a melhor eleição municipal da história doRepublicanos em nosso estado.Atraímos para o partido políticos e pessoas que nunca tiveram atividade política, filiando,também, ao Republicanos, na janela partidária, várias lideranças de expressão,inclusive vereadores em mandato oriundos de outras siglas, na certeza de fazermosuma grande eleição, e de fortalecer os ideais republicanos.Quando o calendário baseado na lei eleitoral nos indicou que estava encerrada a faseda janela partidária, surpresa para nós foi a possibilidade da mudança do comando doRepublicanos de Santa Catarina antes do pleito municipal de outubro de 2024, divulgadapor veículos de imprensa do nosso estado.Na verdade, uma atitude como esta, se colocada em prática, poria em xeque toda acredibilidade do partido Republicanos e de suas lideranças.Muitos projetos foram construídos considerando a liberdade que tivemos para trabalharcom todas as siglas partidárias, de acordo com a realidade política de cada cidade ecom as composições possíveis. Estas alianças com o nosso Republicanos envolverampartidos de situação e de oposição ao atual governo do nosso estado.Com muita liberdade para trabalhar, todas as nossas executivas municipais,coordenadores regionais, e demais lideranças partidárias do Republicanos, construímosalianças baseadas na confiança que temos no presidente nacional do Republicanos ena confiança que cada um dos atraídos pelo Republicanos tem neste presidenteestadual.Mudar as regras do jogo, após o fechamento da janela partidária, é submeter à clausura,vereadores e demais lideranças, caracterizando uma violência muito grave, quecertamente não ocorrerá, pois não combina com a boa prática do Republicanos, ecremos, seria um ineditismo com danos irreparáveis, além dos já ocorridos à nossa siglapela simples divulgação de eventuais acordos antes do pleito que se avizinha.Na condição de presidente estadual do Republicanos, ouvindo através da imprensaestadual que o partido seria entregue nas mãos de lideranças do partido liberal,imediatamente busquei conversar com o Presidente Nacional do Republicanos,Deputado Federal Marcos Pereira, a fim de compreender a situação. Conhecendo aintegridade do nosso presidente nacional, não foi surpresa para mim a afirmação e agarantia por parte do nosso presidente de que qualquer alteração eventualmentecogitada para a composição da direção do Republicanos de Santa Catarina, nãoenvolveria, em hipótese alguma, a eleição municipal do ano de 2024, seguindoinalterada a situação do Republicanos de Santa Catarina até que ocorra a eleiçãomunicipal.Tenham neste presidente o total empenho no sentido de que as eleições do ano de 2024ocorram conforme programamos, conforme os compromissos assumidos com a direçãonacional do partido e as alianças que fizemos nas cidades catarinenses“.