Entidades empresariais de Rio do Sul, a Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) e a Associação Empresarial de Rio do Sul (Acirs) uniram esforços após a segunda maior enchente da história da cidade. Na iniciativa que se traduz como “a nossa resiliência também está cansada”, as entidades falam da exaustão de cada empresário da cidade em ter força para se reerguer.
Na segunda-feira (20), após ser castigada mais uma vez pela chuva, as empresas abriram, não para vendas, mas para retirar a lama deixada após o temporal que castigou a cidade. O cansaço no rosto de cada pessoa que segura um rodo ou um lava-jato foi demonstrado em uma campanha iniciada pela CDL e pela Acirs.
O presidente da CDL de Rio do Sul, Marco Aurélio Vargas das Neves, revelou que 80% do comércio da área central da cidade foi atingido pelas cheias. Com a iniciativa das entidades, Marco explica que serão cobradas ações do governo do Estado e também do governo federal, além de deputados e senadores, sobre os investimentos do Projeto Jica (Agência de Cooperação Internacional do Japão).
A proposta tem especificadas obras que servem como mitigação das cheias não só em Rio do Sul, mas em toda bacia do rio Itajaí. “Vamos começar a mobilizar e cobrar atitudes pelo nosso Alto Vale”, conta.
Diante dos recorrentes estados de emergência e calamidade pública decretados em função das inundações na bacia do Itajaí, a Acirs também reivindicou posicionamento urgente do governo do Estado quanto à execução das obras derivadas do projeto da Jica.
“Não há resiliência e muito menos paciência que resistam. O povo e a economia já adoeceram. Se existem estudos para reduzir os danos com os desastres, projetos e até planos de trabalho em execução entre os governos do Estado e Federal, o que falta? Há compromisso? Que ele se traduza em menos sofrimento”, pede a manifestação.
Outras solicitações das entidades empresariais de Rio do Sul apontam que empresas e produtores rurais não podem mais aguardar pelas linhas de crédito subsidiadas, prometidas ainda no mês anterior. Há também pedidos pela ampliação da fatia de beneficiários e do valor de liberação do FGTS nos municípios em calamidade pública, para que as famílias possam se reerguer.
“A situação do Alto Vale é caótica. O cenário é extremamente crítico. Os números são recordes. São milhares de famílias atingidas e prejuízos incalculáveis em todos os setores da economia. E a vulnerabilidade e o sofrimento certamente serão acentuados com o fechamento de empresas e a perda de postos de trabalho”, descreve a nota da Acirs.
No domingo (19), centenas de empresários e colaboradores saíram de casa para reestabelecer seus locais de trabalho. Um grupo na área central da cidade chegou a subsidiar um caminhão para limpeza da Avenida Aristiliano Ramos, uma das principais da cidade. “Não é apenas perda material, mais sim emocional e física. Estamos no nosso limite e essa situação das enchentes não pode mais passar batido”, lamentou um dos lojistas enquanto seu comércio ainda estava tomado pelas águas.
Uma pesquisa da Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Rio do Sul demonstra que no mês de outubro os prejuízos causados pela enchente foram de R$ 104.308.254,78. Os números levam em conta a estimativa de perdas de faturamento, perda de imóveis, matérias-primas, mercadorias, equipamentos e máquinas.
Somente de lucro cessante, que é o levantamento de quanto a empresa deixou de lucrar no período de enchente, em outubro o total foi de R$ 44.940.730,99 declarados pelos que responderam o questionário.
Governador recebeu a manifestação das entidades empresariais
Em Rio do Sul, no domingo (19), o governador de Santa Catarina, Jorginho Mello disse que recebeu a manifestação das entidades e tem conhecimento dos pedidos. Em entrevista, ele citou que nenhum governo anterior fez ações concretas pelo Alto Vale do Itajaí.
“Esta região sempre foi castigada, historicamente. Se for o único que vai encarar isso vai ser o nosso governo”, comprometeu-se. O governador também deu apoio às entidades e à população. “As pessoas estão cobertas de razão. Ninguém aguenta mais. Não é só o menos favorecido, é o comércio, a indústria. Toda a economia está prejudicada por isso. Estamos atentos”, finalizou o governador.
Fonte ND+