Quatro meses após a morte por intoxicação de quatro jovens dentro de uma BMW em Balneário Camboriú, no Litoral Norte de Santa Catarina, o Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) informou, nesta quinta-feira (2), que ainda analisa se denuncia o caso à Justiça.
As vítimas perderam a vida por asfixia após inalação por monóxido de carbono, segundo a perícia, devido a uma falha mecânica decorrente de uma customização no carro. Duas pessoas, apontadas como responsáveis pelas modificações, foram indiciadas.
1º de janeiro: Quatro jovens morrem por intoxicação.
31 de janeiro: Polícia Civil indicia dono de oficina e responsável por peça que rompeu.
20 de fevereiro: MPSC pede à polícia mais esclarecimentos sobre o laudo pericial. “O Ministério Público quis que a perícia esclarecesse alguns pontos, como o material do qual era feito a peça que quebrou e alguns detalhes dobre a solda”, informou delegado Vicente Soares.
14 de março: Investigação envia novamente o inquérito policial ao MPSC, com novas informações. O g1 questionou o MP sobre quando o órgão recebeu o documento, mas não teve retorno até a última atualização do texto.
Desde então, nova posição do Ministério Público é aguardada.
Investigação
A investigação indiciou duas pessoas pelas mortes dos quatro jovens. O inquérito apontou que o responsável por fabricar e instalar a peça que rompeu, chamada de downpipe, não tinha curso para o serviço.
O monóxido de carbono, segundo o investigador, vazou através da ruptura da peça e entrou na cabine do veículo por meio do ar condicionado.
“O responsável pela instalação [da peça] não tinha qualquer formação, seja na área de mecânica. Tudo que ele apreendeu, conforme o próprio interrogatório, foi na prática, e a peça foi instalada nesta forma, sem observância das regras e dos padrões que se exigem”, disse o delegado.
Ainda em janeiro, o dono da oficina mecânica de Aparecida de Goiânia, investigado pela Polícia Civil de Santa Catarina, reforçou em depoimento à polícia que terceirizou o serviço de modificação do escapamento.
Ao g1 GO, o advogado de defesa alegou que o local faz apenas serviços como lavagem, micropintura e aplicação de película. “Na estética automotiva não tem nem a parede de solda ou elevador para subir o carro”, disse.
O defensor não soube informar o nome da empresa terceirizada para que o g1 pudesse pedir um posicionamento.
Quem são as vítimas
- Gustavo Pereira Silveira Elias, 24 anos
- Karla Aparecida dos Santos, 19 anos
- Tiago de Lima Ribeiro, 21 anos
- Nicolas Kovaleski, 16 anos
As vítimas eram de Paracatu, e Patos de Minas, Minas Gerais, mas moravam há um mês na Grande Florianópolis, com familiares. O grupo estava na rodoviária de Balneário Camboriú quando as mortes ocorreram.
Na web, a mãe de Gustavo lamentou os quatro meses sem o filho. “A saudade é gigantesca. Mas sei que está guardado no lugar lindo, sem choro e sem dor. Te amamos!”
O que se sabe sobre o caso
- O caso aconteceu em 1º de janeiro de 2024. O grupo foi encontrado desmaiado pela namorada de uma das vítimas, que chegou a ficar dentro do carro por alguns momentos;
- Eles foram até o local após a festa de ano-novo para buscar a mulher e seguir viagem para a região de Florianópolis, onde moravam;
- Os quatro jovens ficaram cerca de quatro horas dentro do carro ligado com o ar-condicionado funcionando;
- Durante a madrugada, relataram que comeram um cachorro-quente na praia e relacionaram a náusea, a tontura, e a tremedeira ao alimento. O grupo ficou na rodoviária esperando uma melhora para poder seguir viagem;
- A mulher que chegou de viagem não apresentou nenhum sintoma.
Fonte G1SC